Apenas um clique e o movimento eternizado. As fotos nos fazem sonhar com a dança. Entre o olhar e a rapidez do que se passa na cena, os fotógrafos nos ajudam a delinear a dança e a sua história.
Convidamos alguns fotógrafos, craques no manejo da câmera, a nos responder como é olhar a dança através das lentes. Também nos enviaram fotos que os tocam de alguma maneira. Durante a semana, um a um, eles estão na cena. Esperamos que seja uma longa série.
Para começar, Sílvia Machado.
Bailarina do Balé Municipal de São Paulo de 1989 a 2009, começou a fotografar em 2003, quando realizou a primeira exposição no Teatro Municipal de São Paulo. Não parou mais, a cada temporada, procurava mostrar os registros ao público. Suas fotos estão carregadas da mesma emoção de estar no palco. Já fotografou grandes coreógrafos internacionais, como Ohad Naharin, Angelin Preljocaj, Itzik Galili, entre outros. “E os nossos brasileiros: Jorge Garcia, Henrique Rodovalho, Luis Arrieta, Luis Fernando Bongiovanni, Sandro Borelli, falando apenas de alguns”, como diz.
A bailarina e fotógrafa Sílvia Machado |
Em menos de dez anos de trabalho, tem currículo extenso, trabalhou para inúmeros artistas e companhias como São Paulo Companhia de Dança, Cisne Negro Cia de Dança, Quasar, J.Gar.Cia, Cia Sociedade Masculina, Cia Siameses, Cia de Danças de Diadema, Sopro Cia de Dança Instituto Brincante, Antônio Nóbrega (shows e espetáculos de dança), Hermes Dance (Suíça), Grupo 1º Ato (BH), Dança em Pauta 2006 e 2007, Coccoon Dance Company, Sônia Mota e muitos outros.
Também participou de livros, exposições e outros publicações. Esperamos vê-la muito mais.
Existe emoção ao fotografar um espetáculo?
Sílvia Machado: Para mim, é sempre uma emoção estar nesse universo do artista. Gosto de chegar antes do espetáculo, sentar na plateia e “sentir” o ambiente, a energia dos artistas, sentir o cheiro do palco, do linóleo, andar pelas coxias, ouvir e ver a técnica trabalhando, finalizando os efeitos de luz, equalizando o som, dando os retoques finais. Chego a sentir o mesmo friozinho na barriga que tinha quando era eu a estar na coxia esperando o momento de entrar em cena. E, de certa maneira, sigo até hoje um ritual semelhante ao dos bailarinos no momento que antecede o espetáculo, fico em silêncio por alguns minutos, comungo a roda de concentração, mesmo de longe, batendo três vezes no chão do palco, falando “merda” comigo mesma (risos).
Como bailarina, o que gosta de captar na dança?
Sílvia Machado: A emoção, sempre. Cada gesto de um bailarino vem carregado de sensações e intenções. Apesar dos treinos exaustivos para que o movimento saia perfeito, o que difere um bailarino de outro, na cena, é o artista contido em cada gesto, em cada olhar.
Às vezes, brinco de captar os saltos no ápice várias vezes, mas, mesmo os melhores saltos, são aqueles que vêm carregados de emoção e intenção, que são realizados com a energia perfeita.
Quando olhamos uma fotografia e dizemos “nossa, que linda!!”, em geral, o que nos chama a atenção não é o salto perfeito ou o passo correto. O que torna esta foto diferente é a “maneira” como o artista realizou aquele salto ou aquele gesto, e este momento é o meu momento predileto, aquele em que comungo com o artista. Este momento me preenche a alma. Os momentos mais simples são, na maioria das vezes, os mais bonitos.
Uma de suas fotos mais antigas. Queens, Balé da Cidade de São Paulo, de Ohad Naharin, 2004 |
Muito lindo, muito justo, estou emocionada e orgulhosa. A Silvia tem mesmo um talento e uma força incriveis. E é querida demais, cabeça demais, coraçao enorme.
ResponderExcluirMirando um trabalho sensível, impecável, de muito cuidado e bom gosto.E... SEMPRE MARAVILHOSO !!! Ela tem tudo isso como foco. Essa é a Silvia que conheço, com quem aprendo e com quem tenho o privilégio de trabalhar. Parabéns, Sil !!! Vc é SENSACIONAL como pessoa e como profissional !! Beijo grande, Tati Cotrim
ResponderExcluirGOSTEI MUITO O QUE DISSE A SILVIA MACHADO, QUE SEJA O MENOR OU MAIS SIMPLES PASSO, REALIZADO PELO BAILARINO. O QUE VALE E A SENSACAO QUE O MESMO ESTA SENTIDO. RODRIGO ALCANTARA
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