terça-feira, 26 de abril de 2011

Instante da dança II


Por Flávia Fontes Oliveira

Arnaldo Torres
Arnaldo J.G. Torres conviveu com a dança e a fotografia desde a adolescência. Aos 12 anos, ganhou a primeira câmera do pai. Aos 15, descobriu a dança. Dançou durante 10 anos com o Grupo de Danças Folclóricas da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), apresentando-se no Brasil e em algumas cidades da Europa e da América Latina.
Em 1980, voltou a se dedicar a fotografias, montou estúdio em João Pessoa, fez registros importantes da cena nordestina. Desde 1996 está em São Paulo, onde já trabalhou com diversas companhias e artistas da dança.

Para esta entrevista, ele selecionou duas fotos importantes: a primeira vez que fotografou o Ballet Stagium, em 1993, e Conjunção, de 2005, com Ivonice Satie e Luis Arrieta, feitas do palco, durante o espetáculo, ouvindo a respiração dos artistas. A seguir ele conta um pouco de seu olhar sobre a dança. 

Conjunção com Luis Arrieta e Ivonice Satie, sentindo
a respiração dos artistas
O que é importante olhar quando se fotografa dança?
Arnaldo J.G Torres: Eu procuro o olhar do coreógrafo e me coloco na posição de retratar sua obra pelo ponto de vista do qual foi criada, por isso sempre me posiciono no centro do palco. Procuro captar o ápice dos movimentos e o timing para isto tem que ser preciso, não pode ser nem antes nem depois, tem que ser no ápice!
Penso também no enquadramento, tendo o cuidado de não deixar de fora o tablado do palco para dar a noção exata do bailarino em relação ao espaço. Não que isso seja uma regra, em alguns momentos, preciso dar ênfase às expressões dos bailarinos, mas nos saltos preciso do tablado como referência da altura que o bailarino alcançou. Depois, é o sentimento que move a câmera e passo a acompanhar os movimentos que mais me atraem, como se minha câmera dançasse junto com os bailarinos através dos movimentos da minha mão.
   
Para você, qual o diálogo entre a fotografia e a dança?

A primeira foto do Ballet Stagium, em Recife, em 1993
com a coreografia Luminescência, de Décio Otero
 Arnaldo J.G. Torres: Penso que o diálogo fundamental é com a importância de construir a própria historia da dança. Já ouvi de inúmeros profissionais da dança reclamações por não guardarem registros de seus trabalhos. Por outro lado, para mim, esta foi uma forma de continuar próximo à dança quando desci do palco.
Me encanta também o poder da fotografia de eternizar o movimento na dança, que é único e fugaz. Além disso, a imagem registra e congela o movimento, oferecendo uma contribuição no sentido de correção do trabalho dos bailarinos, pois, apesar de o espelho mostrar o movimento, muitas vezes o bailarino só observa que sua mão esta torta ou algo parecido na fotografia.

Como fotógrafo, o que te toca na dança?
Arnaldo J.G. Torres: Eu fui encantado pela dança desde a mais tenra idade. Quando criança ainda, meus pais me levavam para o carnaval e aqueles movimentos dos “cabloquinhos”, dos maracatus, do frevo, das danças populares enfim, já mexiam comigo de uma forma que não sei explicar através de palavras.
Já na adolescência entrei para o grupo de danças do Liceu paraibano e viajei o mundo dançando. Permaneci durante muitos anos neste grupo, e depois que a maioria dos seus elementos entrou para a UFPB, a universidade criou o Grupo de Danças da Universidade Federal da Paraíba que existe até hoje. A dança continua me emocionando, é minha maior paixão.

5 comentários:

  1. Cuida-se de fotógrafo único na arte de reproduzir a dança, retratando o seu mais divino sentimento. Parabéns Arnaldo.

    Yuri Porto.

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  2. eu conheço você!
    ana gabriela(sua filha)

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  3. Querido Arnaldo!
    É com prazer que li sua reportagem, voltou a mente um tempo há muito passado; um tempo feliz, exuberante, agitado,ansioso, .....etc. Muito bom saber mais de você. Vou te enviar as fotos: "Eu e Jonathas" que você tão carinhosamente clicou. Bjão

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  4. Muuuito bom mesmo!!!!!! Excelente!!!!

    É um orgulho ver você brilhar dessa forma maravilhosa!!! A viagem ao passado é fantástica! É melhor ainda ver em você tanta sensibilidade e emoção!!!Parabéns por seu trabalho!!!!e muito sucesso!!!xeruuuu!!!
    Lucia Sarmento Queiroga

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  5. Parabéns pelo teu belíssimo trabalho.
    A tua sensibilidade e talento são transversais em cada produção que realizas.
    És um orgulho para todos as pessoas que te conhecem, amam e admiram.
    Que Deus continue a iluminar a tua vida!
    Um grande abraço.
    Solange Melo

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