quarta-feira, 27 de julho de 2011

Imagens que dançam: Roseli Rodrigues – Poesia em Movimento


Por Marcela Benvegnu

Fiz contagem regressiva para dia 27 de julho. Nunca pensei em fazer um filme. Achei que fosse lançar um livro antes. Engano meu. A vida nos leva para outras, diferentes, deliciosas e desafiadoras coreografias. Daqui algumas horas, no Festival de Dança de Joinville, na Feira da Sapatilha, às 17h30, lanço em parceria com a Inês Bogéa, o documentário Roseli Rodrigues – Poesia em Movimento. 

O filme de 24 minutos aborda de forma clara e poética a trajetória coreográfica de Roseli Rodrigues, um dos maiores nomes do jazz dance no Brasil, e conta com depoimentos de Edy Wilson, Andrea Spósito, Isabella Rodrigues, Kika Sampaio, Fabio Namatame, Maurício Pina, Luis Arrieta, Edson Claro, Ely Diniz, Carlota Portella e meu. 

É um trabalho coletivo de artistas. O Festival de Joinville é o patrocinador do projeto e a Só Dança assina o copatrocínio. Todos acreditaram e se mobilizaram para compor essa coreografia de imagens e memórias. A concepção é minha e da Inês, mas o filme pertence a todos. Como ela diz, “a autoria está no olhar, na edição das falas, imagens, sensações e desejos”. O vídeo – que tem legendas em inglês - será distribuído gratuitamente para escolas, universidades, ONGs e bibliotecas no Brasil e tem uma particularidade interessante, o formato: um livreto que contém o documentário. O texto contextualiza a história de Roseli que é contada por muitas vozes no vídeo e ambos dialogam todo o tempo para que todos possam dançar com as palavras e imagens. 


EXPECTATIVA - Muitas pessoas estavam me cobrando aqui no blog, depois de um hiato de sumiço, viagens internacionais e muitos espetáculos da São Paulo Companhia de Dança, um texto sobre o filme, principalmente a Flávia Fontes, minha sócia na Revista de Dança. Algo que apresentasse um pouco do documentário, mas que também falasse o que eu estou sentindo. Ansiedade? Medo? O coração pulsando na boca? Expectativa? Não consigo definir. 

Pensei num texto (em vários), caso eu tenha que falar alguma coisa durante o lançamento, porém, não tenho mais ideia de como ele começa.  Fico imaginando como vai ser, quem vai estar, se vai dar tempo de todos chegarem. O que será que Roseli Rodrigues diria sobre isso e como aqueles olhos azuis reagiriam em ver sua história contada pelo olhar de outras pessoas em 24 minutos? 

Respondendo uma entrevista para o próprio Festival de Dança sobre o documentário essa semana, me dei conta de que não encarei sua morte. Talvez eu não encare. Ela ainda está viva no meu corpo, no corpo de quem passou pelas salas de aula em que ela estava à frente, nas suas coreografias. Está viva no jazz que fazemos. Então como encarar a morte?


IDENTIDADE - Esse projeto nasceu de uma conversa, minha e da Inês, sobre a importância do jazz e sobre as personalidades da dança que transitam nesse gênero. Me questionavam quando eu iria publicar a minha pesquisa sobre o estilo, e quando a Inês iria fazer um documentário sobre a Roseli. Três meses depois juntamos as vontades. Em junho de 2010 formatamos o projeto e começamos a pensar em mecanismos para conseguir patrocínio. Em julho apresentamos a ideia ao Raça, em agosto enviamos a proposta para o Festival de Dança de Joinville e para a Só Dança.

Inês e eu doamos o nosso trabalho e tivemos parceiros excepcionais, como a Associção Pró-Dança e a ARN, caso contrário, não seria possível realizá-lo. Fizemos as gravações dos depoentes em dezembro e esse foi um dos momentos mais especiais, pois foi um reencontro com a história da Roseli de outros modos, no olhar de outras pessoas, de outras vozes que também ajudaram a construir a história do Raça e do jazz. Em janeiro de 2011, começamos o processo de edição, escrevi o texto do livreto e juntas escolhemos as fotos, enviamos para revisão, diagramação e tradução. Finalizamos em abril.  

Trabalho com a Inês diariamente há quase dois anos e não tem um dia que ela não me ensine algo novo. Temos uma parceria forte, de trabalho, de respeito, de amizade. Encaramos a dança do mesmo modo e acreditamos que seja preciso registrar a memória para que possamos olhar para a história da dança do Brasil. Nesse documentário a levei para o mundo do jazz e ela me levou para o mundo do vídeo. 

Nas palavras dela, o documentário “é um presente da dança para a dança”. Eu concordo, mas, para mim, também é a certeza de que o estilo que eu escolhi para dançar e estudar tem caminhos que jamais pensei em desvendar e que precisa ser registrado. 

O nosso jazz também se dança de outros modos. Está tela. A gente sente na alma. Se mostra vivo. Me faz ver e entender a minha dança, seja ela no texto, na fala ou no movimento. É também o meu espelho. Que chegue logo 17h30 e essa dança com a voz da Roseli, seus cabelos vermelhos e olhos azuis, se espalhe, para que todos sintam o poema em movimento.

3 comentários:

  1. E agora, cá estou eu doida para assistir... Parabéns pelo filme! E que seja apenas o primeiro.

    Grande beijo.

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  2. Coloca o documentário nesse site para o pública assistir pela internet!

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  3. Marcela, parabens pela iniciativa e linda tbem a mensagem no site do Raca.Como ex aluna e admiradora da Roseli gostaria muito de assistir, como posso ter acesso ja que nao moro no Brasil?

    Bolsadeballet-bale

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