quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sem perder chances


Por Flávia Fontes Oliveira
Paula Penachio em Tchaikovsky pas de deux com Marcelo Gomes
Foto: Willian Aguiar| divulgação 

Paula Penachio não vem de um conto de fadas do balé clássico. Seu físico não é o ideal para a técnica. Aprendeu a superar estas e outras questões apostando em sua musicalidade e interpretação. Aos 25 anos, não perde chances na vida, no caso dela, na dança.

À moda do que declarou Márcia Haydée certa vez, o medo não a paralisa nos momentos decisivos. Se é preciso dar piruetas, ela dá. Se a sequência é rápida, ela finaliza aproveitando a música. Ela resolve e, acima de tudo, dança.

Ao lado de Ed Louzard em Legend (1972), de John Cranko.
Foto: Willian Aguiar
Não por acaso foi a escolhida para ser partner de Marcelo Gomes, em Tchaikovsky pas de deux (1960), de George Balanchine, convidado especial nas apresentações da São Paulo Companhia de Dança, no Teatro Alfa, nos dias 26 e 27, próxima sexta e sábado. Ela integra a São Paulo desde 2008, ano de sua fundação. “É muito fácil dançar com a Paula, ela faz tudo”, diz Marcelo Gomes. “Ela tem uma coisa muito legal que é conectar os passos e dançar”, completa.

Uma das diretoras da Companhia, Inês Bogéa, diz que uma das características da bailarina é usar toda a frase musical. Paula concorda. “Eu gosto de usar a frase até o fim porque, se não, corta o movimento”, diz.

Sobre o novo partner, ela brinca: “É muito fácil dançar com ele, eu nem fico cansada”. Ela se refere à percepção dele de não descuidar da parceria. “Eu nem percebo que, às vezes, não estava no eixo.” Eles criaram uma dinâmica para dançar nos poucos dias de ensaio juntos.

Na sua preparação para este balé, ela conta que, sua tendência, é ser suave. Procurou, nas suas palavras, ser “mais seca e dinâmica para ter mais ataque”.

Não é seu primeiro papel de destaque, já fez o pas de deux principal de Theme and Variations (1946), também de George Balanchine, e Legend (1972), de John Cranko. Aproveita as chances, sempre é possível contar com ela e usa a inteligência para superar fragilidades. 

Claro que Marcelo Gomes é uma grande estrela. Mas, se for ao Teatro Alfa, fique de olho nela também. É uma grande artista.
Sem derrapar nas difíceis sequências de Theme and Variations, de Balanchine.
Foto: João Caldas | divulgação

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