quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O mar sem fim do Grupo Corpo

Por Flávia Fontes Oliveira
Sem mim, novo trabalho do Grupo Corpo
Fotos: José Luiz Pederneiras
Em Sem mim, o Grupo Corpo renova seu compromisso de um modo de ver e fazer dança. A coreografia é um passo, não uma ruptura declarada, ou, antes, uma onda, para usar a inspiração desta nova criação de Rodrigo Pederneiras, o mar, com cenografia e iluminação de Paulo Pederneiras e figurinos de Freusa Zechmeister, com estreia para amanhã, dia 4, em São Paulo, no Teatro Alfa, com apresentações até 14 de agosto, e depois segue turnê nacional (veja serviço abaixo).

Os tradicionais e belos pas de deux
de Rodrigo Pederneiras
Já tradição nos trabalhos da companhia, a música serviu de guia. Neste caso, a ideia veio das sete canções do Ciclo do Mar de Vigo, de Martín Codax, do século XIII – testamento e sobreviventes da tradição da região na época, o trovadorismo nas chamadas “canções de amigo”. A partir deste conjunto de canções que chegou aos nossos dias, José Miguel Wisnik e o Carlos Núñez, ele também de Vigo, assinam a trilha original, com vozes de Milton Nascimento, Chico Buarque, Mônica Salmaso, Ná Ozzetti, Rita Ribeiro e Jussara Silveira, além do próprio Wisnik.

Nestas cantigas de amigo, Codax fala em nome de jovens apaixonadas que choram a ausência do amor ou celebram o possível regresso do amado. Confidenciam-se e banham-se nas ondas do mar. Desta lírica, Rodrigo Pederneiras trouxe para seus movimentos referências do mar, entre sua calmaria e fúria, no vaivém das ondas, traduzidos, por vezes, em elementos femininos e masculinos.

Desde que imprimiu sua marca, privilegiando um corpo e um movimentar brasileiros – brincando com o balanço dos quadris quase despudoradamente sem rechaçar a finura clássica –, o Grupo não dispersou, com todas as suas implicações. Com isso e por isso, continua ajudando a sustentar a dança brasileira.

É uma grande história e, sem qualquer dúvida do acabamento dos espetáculos, vale a pena assistir ao que o Grupo Corpo tem a dizer.
A coreografia tem trilha de José Miguel Wisnik e Carlos Núñez


Serviço:
São Paulo | Teatro Alfa, de 4 a 7 e 10 e 14 de agosto
Belo Horizonte | Palácio das Artes, de 17 a 21 de agosto
Rio de Janeiro | Theatro Municipal, de 25 a 29 de agosto
Brasília | Teatro Nacional, Sala Villa-Lobos, de 10 a 13 de novembro

2 comentários:

  1. que lindo ! sou apaixonada com grupo corpo, já fiz um curso de clássico lá uma vez... admiro muito o trabalho de vocês com o blog... não vou perder a oportunidade de prestigia-los em BH ... tenho um blog também, se tiver oportunidade : http://balanceouplie.blogspot.com/

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  2. Qdo eu acho que vcs já fizeram, tudo vcs ainda surpreendem.Maravilhoso o espetáculo desta temporada no Alfa. Parabéns por mais este belíssimo trabalho.

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