Por Flávia Fontes Oliveira
Cena de Paraíso Perdido | Divulgação |
Ao partir dos quadros de pinturas de Hieronymus Bosch (1450-1516), Foniadakis procurou absorver a atmosfera das obras, assumindo o excessivo uso de elementos do pintor. Para isso, coloca intensidade e volume nas cenas, em que o profano e o religioso se debatem, por vezes, vertiginosamente.
Foniadakis é um encenador de olhar agudo, desenha o palco com o um grupo grande, cerca de 30 bailarinos, intercalando com momentos de duos, trios, solos. É um balé rápido e, nesse sentido, virtuoso. Os movimentos são, em grande medida, impulsionados pelos braços e exigem qualidade na execução. Não pode haver qualquer resquício de insegurança para tamanha agilidade. Não há esforço desnecessário para este elenco renovado, que se vê no desafio de criar um corpo para a nova gestão. E eles dão o recado.
Nos 50 minutos de espetáculos, um tanto longos (o impacto seria provavelmente mais forte em menos tempo), bailarinos entram e saem da cena com a aflição do pecado. E essa aflição não cabe em silêncios, mistura-se a tensões sensuais, brutas e gritos. Quadro a quadro, encontramos nas cenas as referências a Bosch, com jogo de iluminação e figurinos, estes assinados por João Pimenta.
Uma coreografia contemporânea, como previa a nova diretora, Lara Pinheiro, utilizando o corpo em sua potencialidade de ferramenta. E no fim nos despedimos com essa sensação, que escapa um pouco pela entrada de figurinos pratas. Uma miragem?
Adorei!!!!! O espetáculo é impressionante mesmo!!!
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